quinta-feira, 17 de março de 2011

DESEJO DE STATUS

por Luiz Marins

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”. Provérbios 16:18

Outro dia fui repreendido por uma advogada porque não a chamei de “doutora”. Um amigo me contou que ficou esperando duas horas para que lhe fosse entregue um cheque que estava pronto sobre a mesa de um diretor. Ao entregá-lo, a secretária lhe disse: “O cheque está pronto há muito tempo. É que o meu diretor gosta de deixar as pessoas esperando para se fazer de importante”.
Um agente de viagens me contou que há clientes que fazem absoluta questão de sentar nos primeiros assentos do avião, pois acham que sentar na frente é questão de status. Numa oficina, um mecânico me disse que o “Dr. Fulano” não aceita esperar um minuto sequer. A mesma coisa ouvi de um frentista de posto de gasolina: “Aquela mulher não suporta esperar que atendamos outra pessoa em sua frente. Ela quer que a gente pare de atender a outra pessoa para atendê-la”. Maitres e garçons ficam abismados de ver que há clientes que não vão ao restaurante se a “sua” mesa estiver ocupada. Uns assistem uma palestra sobre vinhos e se acham os maiores especialistas em enologia.
Outros fazem questão absoluta de serem atendidos pelo dono do restaurante e não por garçons. Alguns não admitem que seu “carrão” vá para o estacionamento. Exigem que ele fique estacionado defronte ao restaurante - mesmo que não haja vagas. Tal hóspede só fica na suíte 206. “Se ela estiver ocupada ele fica uma fera”, disse-me o gerente do hotel..."O presidente só toma café nesta xícara”, confidenciou-me a copeira da empresa. “Quando a anterior quebrou não encontramos no Brasil. Daí um diretor trouxe outra igual da França...”.
Esta lista de exigências não teria fim se quiséssemos esgotá-la. Por que certas pessoas sentem tanta necessidade de status? Alain de Botton estuda esse desejo exacerbado no livro que leva o nome desta mensagem: “Desejo de Status”. O autor analisa o “esnobismo” contemporâneo como forma de vencer o anonimato e a falta de conteúdo das pessoas neste mundo de aparências em que vivemos. Vale a pena ler.
O mundo já está complicado demais para que as pessoas ainda vivam buscando status... Pessoas esnobes, desejosas de deferências e rapa-pés, glamour, parecem não compreender que estamos no século XXI e não no XIX. Fico impressionado ao ouvir relatos de pessoas que fazem exigências absurdas, atendimentos especiais, privilégios no ambiente de trabalho.
Geralmente são pessoas de origem humilde que necessitam dessas exigências e até da arrogância, para mostrar a sua importância, já que elas próprias, pouca importância se dão, dizem os psicólogos e filósofos que tratam do assunto.
Veja se você não está sendo vítima de um desejo exagerado de status e fazendo exigências descabidas de serviços e atenções, tornando-se arrogante e esnobe. Faça uma auto-análise para não haver chance de cair no ridículo e ser motivo de chacota das pessoas que lhe atendem ou convivem com você, que riem de sua insegurança assim que você deixa o ambiente, crente que está abafando... Hoje você pode estar “por cima da carne seca”. Mas amanhã poderá estar por baixo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário