sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sozinho? ... Acompanhado? ... Feliz? Vai saber

É estranho ter alguém e ao mesmo tempo parecer estar sozinho. Ter no físico mas na mente, no coração, sei lá, parece que não tem. Pensei isto ao observar dois jovens, um garoto e uma garota fazendo carinho um no outro, conversando, sorrindo, se beijando. Enfim, namorando. O tempo vai passando e a medida que envelhecemos parece que adormecemos, que a nós muitos prazeres não são permitidos. É difícil se aceitar maduro, parece que o desejo por nós mesmos diminui. É complicado explicar o que é acordar com quase 40 quando, na verdade, no interior, talvez nem tenhamos chegado aos 20 anos de idade. São tantos temores, vontades, desejos não realizados, até mesmo questões profissionais indefinidas. São erros que poderíamos não ter cometido, pecados os quais não nos perdoamos. Agradecer pelo que já vivi, pelas coisas que tive e desperdicei. Agradecer pelas pessoas que já cativei. Chorar por aquelas que passaram e nem consegui perceber o motivo pelo qual passaram, pois não aprendi nada com elas. Ontem tentei mudar a aparência. Estava cheio de mim. Resolvi cortar o cabelo e ficou ainda pior. Hoje pela manhã até acordei feliz. Me senti bonito ao encarar o espelho. Coloquei uma roupa mais caprichada, para que assim me enxergassem, mas não deu certo. Minha felicidade durou pouco. Me vi novamente no espelho e enxerguei um rosto cansado, triste, manchado. Creio que esteja precisando ser olhado, cuidado, sei lá. Olha só!!! Até eu estou me tornando repetitivo. Creio que esteja meio amargo. São muitas preocupações: saúde, família, trabalho indefinido, vontade de ficar sozinho, em um canto só meu ou, no máximo, com mais alguém. O desejo e a saudade da fama que tinha em minha região, o atuar na TV, o escrever em jornais, revistas... Tenho certeza que estou precisando ser alguém de novo. Alguém no trabalho. Alguém no amor. Digo isso mas também penso: “Do que adianta ser um sucesso profissional se você não tiver nem para onde e nem para quem voltar”. Creio que rever o ... não me fez bem. Mesmo ele tendo tomado atitudes incomuns, para ele eu era alguém, seja no modo com que me tratava, como me apresentava ou quando ficávamos a sós. Eu me sentia valorizado. Mas tudo comigo é assim, as coisas vão e vem. Antes tudo podia ir que mesmo reclamando eu tinha o personagem... para me esconder. Hoje eu não o tenho mais. E confesso que não estou gostando de ter que encarar todo dia apenas o meu próprio eu. O outro tinha mais glamour, era sofisticado. Não tinha ninguém de verdade, tinha alguém ou pessoas que surgiam e desapareciam. Mas era só mascarar o sentimento que eu não sentia falta alguma. Sem falar que eu podia correr para o meu personagem famoso que tudo estava pronto. Ser apenas eu é doído. É estar sozinho. Aquele personagem ao menos dava dinheiro para o eu real, que comprava e compensava. O ser renomado partiu e restou o homem normal, que se olha no espelho e não gosta do que vê. Principalmente por que observa uma imagem sozinha. Eu não queria me sentir assim, mas estou assim: vazio, perdido, triste, cansado de tudo, até de ter feeling para perceber quando alguém precisa de colo e, com uma tremenda dificuldade para demonstrar quando sou eu é que quero colo. Não costumo dizer, quem nos conhece a fundo sabe quando estamos carentes. Mas será que alguém nos conhece mesmo? Creio que nem nós mesmos sabemos quem somos. Veja: até eu que dizia que jamais iria escrever sobre o que sinto o estou fazendo. É, fazendo diário, fiquei velho mesmo. Algo vou fazer para mudar, mas o tempo está passando e não sei o que fazer. Agradeço pelo que tenho, mas acredito que mereço mais. Quero ser feliz, logo, logo. Engraçado. Estou fechado e não consigo sair. Parece que algo me travou. Não sinto vontade de dizer as pessoas até o que me incomoda. Continuo triste, sem perspectiva alguma. Procuro e, procuro, mas não sei o que. Apago incêndios, pago contas, não estou afim de planejar. Quero que a vida me leve, me ofereça oportunidades mas, nada em campo algum. Cada vez me sinto mais sozinho. Parece que nem eu e nem as pessoas me vêem. Quero ser descoberto, amado, aceito. Quero trabalhar, encantar, ser encantado. Mas está difícil. Quero ser eu, sorrir de verdade, ter novos amigos, ter novas roupas, novas oportunidades. Sei que tudo isto eu tenho que buscar. Mas o estou fazendo. Talvez não no ritmo que os outros queiram, mas no meu ritmo. Mais comedido, pois tenho me sentido lento, a cabeça dói, diariamente. Estou preocupado com minha saúde, com minha solidão. Estou preocupado com o meu eu. Queria ser egoísta e pensar só em mim. Queria acabar com muita coisa que me chateia, recomeçar. Mas recomeçar? Até quando. Queria, agora, sair daqui. Fechar a porta e não mais voltar. Mas o salário é bom. E por isso desisto, ao menos até completar o primeiro mês e ver se realmente o que foi acordado será cumprido. Espero que sim, pois a falta de grana me assusta. Eu não sou ninguém sem grana. Aliás, ninguém é. Minha casa está lotada de gente mas não tenho vontade de falar com ninguém, nem mesmo de fazer o social. Queria alguém que me fizesse acordar como aquele alguém me fez quando nos conhecemos. Mas isto ficou no passado e, pelo jeito, tudo terminará em breve. Somos o oposto um do outro, diferentes em tudo. E para dar certo eu teria que ceder em muitas coisas. Esquecer conceitos, assimilar costumes, o que nunca irá acontecer. É, nasci para ter momentos mágicos, momentos com alguém e, depois, acabar sempre comigo mesmo. Mas enquanto tiver minha filha cã Scher, não estarei totalmente sozinho. Agora chega, cansei de escrever e meus olhos já estão doendo. Também, o óculos é só para enfeitar o criado mudo, nunca o utilizo. Por Leandro de Camargo Lara Cruz Em 10/01/2007

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